sábado, 9 de outubro de 2010

Resgate de mineradores no Chile está mais perto do que nunca

09/10 - 19h13

Uma das perfuradoras completou o conduto de evacuação dos trabalhadores

O resgate dos 33 mineradores presos a 700 metros de profundidade no norte do Chile desde o dia 5 de agosto entrou neste sábado na etapa prévia a sua materialização, após uma das perfuradoras completar o conduto de evacuação dos trabalhadores.


Buzinaços, sirenes, bandeiraços, gritos de alegria, cantos e choro de familiares se espalharam pelo entorno da mina, minutos depois das 8h no horário local (9h de Brasília), quando chegou a notícia de que a máquina T-130, o "plano B" do resgate, havia "rompido" a galeria em que estão os trabalhadores presos.

"Duraram 33 dias as perfurações para resgatar os 33", confirmou minutos depois aos jornalistas o ministro de Mineração chileno, Laurence Golborne, detalhando que "La Liebre" (A Lebre, em livre tradução), como chamam os familiares à T-130 por sua rapidez, chegou ao refúgio onde estão abrigados há 64 dias.

Os membros da equipe de resgate e familiares, que haviam passado a noite acordados para acompanhar o avanço da perfuração, correram até a colina onde estão cravadas as bandeiras em homenagem aos mineradores, uma delas boliviana pela nacionalidade de um dos trabalhadores fechados.

O próprio ministro Golborne e os integrantes da equipe de resgate, liderara por Andrés Sougarret, se abraçaram com os familiares.

Em meio a celebração, um menino, Brian, neto de Esteban Rojas, carregava uma bandeira chilena com a felicidade marcada no rosto e com a ideia certa de que dirá a seu avô quando o voltar a vê-lo.

"Vou dizer a ele que nunca mais entre em uma mina, nem sequer pense nisso", disse com a sinceridade de seus oito anos, enquanto alguns metros abaixo o sino instalado no acampamento continuava soando.

"Estou muito feliz, muito feliz, tenho vontade de gritar, chorar, pular, mas preciso me conter um pouquinho", disse à Agência Efe María Cortez, cunhada de Mario Gómez, um dos veteranos do grupo que permanece sob terra.

María Segóvia, irmã de Darío Segóvia, não conseguia conter a emoção: "a alegria vai ser maior quando os todos saírem. Eu não saio daqui até que saia o último minerador", disse María, que no acampamento "Esperanza" é conhecida como "a Prefeita" por sua capacidade de liderança.

María teve palavras de "gratidão, respeito, carinho e amor aos trabalhadores" que participaram do resgate.

"Vai me faltar vida para agradecer tudo o que fizeram por nós e por nossas famílias", garantiu.

Cristina Núñez, mulher de Claudio Yáñez, exteriorizou à Efe seus sentimentos: "estou muito emocionada ao ver que um milagre aconteceu".

"Dou graças a Deus e a esses trabalhadores que estiveram dia e noite no local. Falta pouco, não é nada o que falta", acrescentou.

Golborne explicou aos jornalistas os passos seguintes ao resgate e brincou ao dizer que "os mineradores sabem do processo e estão tranquilos, mais calmos do que a imprensa, ao menos".

Acrescentou que durante o dia será desmontada a máquina T-130 e no conduto serão colocadas câmeras para examinar o conduto de 66 centímetros de diâmetro.

"Agora não podemos nos apressar para definir situações importantes, vamos levar o tempo que for necessário", ressaltou Golborne, que insistiu que ainda não é possível indicar a data exata do resgate.

"Ainda temos um longo caminho a percorrer, muito trabalho para fazer e precauções a serem adotadas. Mas hoje alcançamos um marco importantíssimo", ressaltou o titular de Mineração.

Entre os pontos que ainda resta resolver está o revestimento com um tubo de aço do conduto de evacuação, ou parte do mesmo.

Também será feita uma explosão controlada, a cargo dos próprios mineradores presos, para alargar o final do conduto.

O iminente resgate dos mineradores, ao que após a derrubada alguns estudos indicavam apenas 2% de possibilidades de salvação, tornou-se realidade graças ao trabalho de centenas de engenheiros e operários de diversas empresas chilenas e estrangeiras.

"Temos gente muito especializada, com grande capacidade", disse ao respeito Laurence Golborne, enquanto os operários canadenses da T-130 abraçaram-se com os familiares dos mineradores diante dos olhos e câmeras de centenas de jornalistas que chegaram à mina San José para relatar ao mundo a proeza.

Créditos: Agência EFE e Diário de Canoas

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